2008/02/24

Observatórios sobre desenvolvimento social




Os Observatórios sociais, dispositivos de apoio à intervenção social, estão a adquirir uma nova importância face aos objectivos e às lógicas de actuação que estão a marcar a Agenda europeia e os Planos regionais e locais de desenvolvimento social. Compreende-se definitivamente que muitas das "crises" e "situações críticas" no plano social que aparentavam ser conjunturais são agora assumidas como estruturais e permanentes, o que implica uma acção sobre os factores causais muito mais intensa, mais persistente e obrigatoriamente sistemática e continuada.
Para este efeito os Observatórios Sociais podem ser uma excelente ferramenta. Importa no entanto que sejam estruturados e dinamizados a partir de critérios flexíveis e não burocráticos. O maior risco encontra-se nos modelos de base meramente informativa cujo desafio central é a actualização da informação disponibilizada e consequentemente a sua utilidade. Numa visita ao mais recente Observatório Social do país (criado em Janeiro 2008) , o do Santa Maria da Feira, verifiquei que os dados relativos ao desemprego reportam a 2006. São os dados do IEFP, relativos a 2006, desactualizados e inúteis portanto, já que o próprio IEFP tem dados actualizados nos seus dispostivos informativos.
Os concelhos da Beira Interior vão brevemente dispor do seu próiprio Observatório. O Centro de Estudos Sociais da Universidade da Beira Interior (UBI_CES) apresenta no próximo dia 3 de Março o Observatório Digital de Desenvolvimento Social de concelhos da Beira Interior.
Por sua vez, no próximo dia 26 de Fevereiro o Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa promove o Seminário internacional \"Construindo um Observatório de luta contra a pobreza em Lisboa\" Saiba mais sobre este evento
Seria oportuno nestas circusntâncias recuperar algumas das reflexões contidas na publicação Panorama dos Observatórios de Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social - contributos para o Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa" da autoria de Jordi Estivill, perito internacional.
"É inegável que a criação dos Observatórios está na moda. Uma simples
navegação na Internet dá-nos a noção da quantidade dos que existem,
especialmente no campo das ciências sociais. Uma consulta limitando o
campo de observação ao campo de trabalho, em Espanha existem mais de
quinze à escala local e regional. Não é arriscado afirmar que, sem afunilar
muito a delimitação do que é um observatório, há mais de duzentos nos
antigos países da União Europeia (remetidos para as temáticas específicas do
Emprego e do Social). Num trabalho anteriormente realizado em (20011) a
lista para alguns países, e com periodicidade anual, com referência à
pobreza, à exclusão e ao bem-estar dava: Áustria (3), Bélgica (6), Dinamarca
(4), Finlândia (2), França (4), Alemanha (10), Grã-bretanha (3), Grécia (1),
Itália (3), Irlanda (2), Luxemburgo (1), Espanha (3),
Os observatórios podem ser mais passivos ou cumprirem já uma
missão informativa (o que não é pouco na luta contra a pobreza e
exclusão). Ou podem ser mais analíticos e transmitir informação detalhada e
converterem-se num lugar de referência desde que se valorize a realidade e
se permita que se façam sugestões e recomendações. Em todos os casos
devem ser cautelosos, uma vez que não há informação neutra e qualquer
observação sobre a realidade vem determinada por quem a contempla. Neste
caso importa extremar as preocupações, ser o mais objectivo possível e jogar
um papel político distante das posições partidárias. A este nível se jogam a
legitimidade e a longevidade do próprio observatório"
Outra fonte de reflexão encontra-se no próprio Observatório Europeu de Demografia e Situação Social (SSO) que realiza análises das tendências e dá assistência à Comissão Europeia na
redacção da sua informação sobre a situação social - 4 Centros (NIDI da Holanda, Applica, Universidade de Aberdeen, e aLondon School of Economics) coordenam o trabalho em rede dos
responsáveis nacionais.