2009/11/01

Encontro Luso Espanhol de Fundações é oportunidade para debate sobre inovação social


Realizado em Évora com a organização da Fundação Eugénio de Almeida, o Encontro Luso Espanhol de Fundações decorreu em sessões plenárias e em debates mais restritos, em workshops de reflexão. Numa das Mesas Temáticas Ana Vale gestora da Iniciativa Comunitária EQUAL apresentou uma comunicação sobre inovação social que sintetiza a experiência daquele programa comunitário em Portugal.
As conclusões de um dos workshops por mim dinamizado foram por sua vez apresentados da seguinte forma:

Carlos Ribeiro
Bom dia, no nosso grupo de trabalho fizemos, este percurso de análise e de reflexão temática a vários níveis e eu dispenso essa abordagem, porque o essencial já foi retratado pelos meus antecessores. A vitalidade do nosso debate centrou-se muito nesta procura de elementos fortes para projectar a acção futura das fundações, eu diria procurando colocar o discurso mais na óptica da acção ou do programa de acção. Eu adiantaria que no grupo de trabalho que realizou esta reflecção nós admitimos duas ideias força, como resultado esperado da acção futura. Em primeiro lugar a necessidade da construção de uma identidade colectiva a nível das fundações que resultará necessariamente de alguma acção conjunta a ser desenvolvida em torno de alguns eixos centrais. Essa identidade colectiva cuja configuração, nós temos que o admitir, não conseguimos circunscrever de uma forma rigorosa, poderá ter uma espécie de denominação como “prudinova”, ou seja, ao mesmo tempo associando a prudência e a inovação, pretendendo combinar esta procura nova com o elemento ainda a desenvolver, a aprofundar, sem nunca largar as amarras da estrutura forte e identitária de cada uma das fundações, mas ao mesmo tempo assumir o risco de nessa projecção colectiva existir algo de inovador, algo de aberto, algo de orientado para o futuro. Esta construção terá de ser desenvolvida a partir de alguma acção conjunta e deverá ter uma referência central: a ideia-força das fundações serem protagonistas centrais das inovações sociais.






Os três eixos que nós estabelecemos como sendo ponte de partida para o programa de acção são os seguintes: em primeiro lugar o eixo da proximidade, em segundo o da cumplicidade e em terceiro o dos impactos sociais. Na proximidade, nós admitimos o que já foi de alguma maneira muio focado, é preciso ouvir é preciso abrir portas, é preciso comunicar. No essencial é preciso descer do pedestal e este sentido da proximidade é um sentido operacional, ou seja, podemos fazer mais e melhor nestes sentidos, ouvir, abrir portas e comunicar. O segundo eixo é o eixo da cumplicidade, ou seja, há aqui uma proposta de substituirmos a cooperação pela cumplicidade, a ideia de trabalharmos melhor juntos. Com este sentido forte de cumplicidade estratégica visa-se uma cumplicidade agregadora. Este sentido de cumplicidade deve passar por, em primeiro lugar, valorizar a diversidade entre as diversas fundações porque este é o elemento central para construir esta cumplicidade. O outro, é o aspecto muito prático que consiste em coordenar as actividades, coordenar as acções. Este sentido de cumplicidade tem de ter elementos de coordenação fortes. E por último assumir as novas formas de interacção, as redes, como processos de inter-ajuda com tudo aquilo que implica a cooperação flexível, aberta e ampla facilitando a organização da própria cumplicidade. Juntos podemos fazer, aprender a inovar mais e melhor. Esta dimensão da cumplicidade, em torno da cooperação em torno da inovação em torno da aprendizagem em torno da acção, exige de facto uma disponibilidade muito forte para construir a tal identidade que acima referia. O terceiro eixo deste programa de acção situa-se no campo dos impactos sociais, ou seja, pensando que a nossa acção deve ter influências significativas e que a expressão desses impactos deve ser a nossa referência principal de auto-avaliação. Isto significa reforçarmos a nossa capacidade, captarmos as necessidades, sabermos realmente as necessidades que exigem resposta. Por outro lado, monotorizar, avaliar, ter a capacidade de mobilizar indicadores concretos que criem condições para que estes impactos sociais sejam monotarizados. E por último ter para este efeito, para atingir estes impactos sociais, apostas muito claras na própria inovação social, ou seja, podemos ter este objectivo de contribuir para melhorar o mundo com este sentido muito prático que é a nossa acção deve traduzir-se em reais impactos sociais. Para este programa de acção há um elemento que é estruturante que é o elemento da atitude inovadora. A atitude inovadora foi um pouco o elemento que esteve presente em toda a nossa reflecção, em tudo aquilo que assumimos como sendo a mola principal para atingirmos os objectivos aqui definidos. Construir esta base de actuação a partir de uma atitude inovadora é o grande desafio ou poderá ser o grande desafio, do futuro, basicamente é isto, muito obrigado.