2013/06/11

Pela gestão participada dos recursos humanos: o modelo do Malmequer da Participação



Na gestão dos recursos humanos das organizações existem actuações extremas. Ou dominam a rotina e os procedimentos  instituídos ou surgem modas em torno da hipermotivação que conduzem a iniciativas efémeras encobertas por buzz words inimagináveis. Às vezes o que é importante é dar a palavra aos membros da organização e envolvê-los em torno dos problemas concretos que melhorem a vida interna para todos e enriqueçam o projecto e o clima organizacional.
Carlos Ribeiro  | Contributo para Newsletter RSOpt

Foi nesta base muito prática e realista que foi aplicado pela Caixa de Mitos em diversos tipos de organizações o modelo do Malmequer da Participação (MP), com destaque para as organizações da Administração Local e da economia social.

Trata-se de um período específico de curta de duração durante o qual todos os membros da organização são envolvidos numa acção de melhorias contínuas.

A metodologia assenta em alguns princípios fundamentais que asseguram coerência e consistência da acção a desenvolver:

  • Igualdade de direitos e deveres, durante todo o processo, de todos os membros da organização independentemente da estrutura hierárquica existente;
  • Regularidade na realização do programa que deve ter uma reedição fixa anual;
  • Rigor na execução e operacionalização do programa cumprindo o prazo máximo de dois meses de duração;
  • Diversidade e rotatividade anual dos membros do Grupo Dinamizador que deve integrar funções e áreas de actuação na organização diferenciadas;
  • Publicitação de todo o processo desde a fase do seu lançamento até ao final, através da afixação obrigatória, em local visível do Malmequer da Participação;
  • Sessão plenária com poderes deliberativos, sabendo-se que as medidas a serem implementadas dependerão exclusivamente da auto-organização dos membros da organização para a sua concretização (sem meios adicionais a condicionar a sua concretização). (ler mais clicar em Mais Informações)


Todo o processo tem por base a pesquisa, o debate, o envolvimento, a construção de soluções em torno das interrogações – chave cuja finalidade é facilitar e operacionalizar um diagnóstico sumário, muito fino e focalizado na situação muito concreta da organização:

AS 6 INTERROGAÇÕES  DO MALMEQUER DA PARTICIPAÇÃO

1.     Pode haver uma melhor interacção entre dirigentes e colaboradores?
2.     Podem ser melhoradas as formas de comunicação formal e informal?
3.     Pode ser fomentado o trabalho em equipa de forma mais concreta?
4.     Podem ser estabelecidas novas dinâmicas de co – responsabilização nas acções de melhorias contínuas?
5.     Pode ser instituído um quadro de auscultação sistemático e permanente das necessidades, desejos e motivações dos utentes a partir de acções desenvolvidas por todos os membros da organização?
6.     Pode ser impulsionado um maior espírito de abertura interna e externa, fomentando o espírito de iniciativa e os contactos coma as Redes de Proximidade?

Na primeira sessão de trabalho que reúne os seis dinamizadores temáticos são debatidos os temas críticos e estabelece-se a base de auscultação aos restantes membros da organização.
Não existem modalidades pré-estabelecidas para realizar esta abordagem com trabalhadores e directores. Cada um realiza a operação da forma que entende e determina como mais ajustada aos seus objectivos e ao seu próprio estilo de intervenção. Alguns estruturarão pequenos questionários, outros terão apenas uma conversa informal, muitos utilizarão o período de pausa – café para conversar informalmente, alguns utilizarão o correio electrónico e as próprias redes sociais, ou seja, a diversidade nas formas de envolver todos os membros da organização também confere uma certa espontaneidade e vivacidade ao processo. A auscultação sobre os problemas é desde logo orientada para a identificação de potenciais soluções e desta forma bloqueiam-se tendências criticistas e negativas e procura-se incentivar o espírito critico mas numa perspectiva construtiva.

Quando se realiza a sessão plenária com todos os colaboradores e membros da direcção (que possam estar presentes) já existem pelo menos, para cada Interrogação – Chave do malmequer, duas questões criticas e as duas potenciais soluções correspondentes. Desta forma a sessão plenária, que tem o tempo limite de uma hora para a sua realização, trata de forma muito concreta e operacional os temas sobre os quais o debate deve incidir e em torno dos quais devem ser aprovadas soluções a serem implementadas. Evita-se um debate geral sobre todas as questões problemáticas que de uma forma geral surgem nas organizações e procura-se através da eficácia dos próprios processos, reforçar a capacidade colectiva de tomar decisões e resolver problemas, fortalecendo a democracia participativa por essa via.

Na sessão plenária cada Dinamizador Temático apresenta os resultados da auscultação realizada junto da organização e coloca à consideração do colectivo as duas propostas a serem debatidas.

Depois da sessão plenária cada Dupla (dinamizador temático e o/a sua cúmplice) organiza a implementação da medida identificada como prioritária (Ficha de Medida Prioritária)  e  inicia a sua concretização imediata, com o acompanhamento dos restantes membros do Grupo Dinamizador (seis dinamizadores temáticos).

Carlos Ribeiro valentimribeiro@gmail.com