MANIFESTO
A voz dos
adultos aprendentes nas acções
de
alfabetização na Europa
QUEM SOMOS NÓS?
Somos adultos que participam em acções de alfabetização
oriundos da Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Escócia e Espanha.
Desenvolvemos este Manifesto no âmbito das actividades da Rede Eur-Alpha (2009-2012).
Gostaríamos que os nossos objectivos e acções fossem
amplamente divulgados e partilhados para que juntos possamos alcançar uma
educação que seja para todos.
O Parlamento Europeu deve reconhecer a realidade actual e
dar a conhecer o número de pessoas que têm dificuldades em ler e a escrever.
Temos direito a um reconhecimento efectivo e a sermos considerados uma
prioridade nas politicas europeias.
Importa para o efeito que os países cooperem muito mais
entre eles e com o Parlamento Europeu para que seja possível atingir este
objectivo comum.
Quanto mais aprendemos, mais queremos
aprender.
Quanto mais escrevemos, mais queremos
escrever.
Quanto mais lemos, mais queremos ler.
As palavras tornaram-se nossas amigas.
O QUE QUEREMOS
1) Ter uma voz na Europa
Para isso precisamos de políticas europeias que tenham em
conta os nossos pontos de vista e as nossas necessidades. Assim teremos a ajuda
que necessitamos para as nossas aprendizagens.
2) O aumento do investimento na educação de
adultos, especialmente no desenvolvimento de competências de leitura, de
escrita, de cálculo e ainda de informática.
O Investimento na educação de adultos significa:
• facultar uma melhor formação para trabalhadores e
desempregados;
• criar condições para uma participação mais activa das
pessoas idosas na sociedade;
• proporcionar uma segunda oportunidade aos jovens que estão
em processo de rejeição da escola;
• um aumento do bem-estar para todos,
• uma melhoria da saúde dos adultos aprendentes, das
famílias e das comunidades
• um maior sucesso na educação das crianças através da
educação parental
Queremos que a educação de base dos adultos seja:
• Acessível para todos,
• gratuita para todos, independentemente do género,
nacionalidade, estatuto social e competências
• disponível nos locais de trabalho
3) Participar directamente na gestão dos projectos e dos centros de formação para adultos
As organizações de educação de adultos, os dirigentes e os
outros actores devem promover:
• projectos educativos e outros projectos nos quais
participemos de forma democrática e nos quais a nossa voz seja ouvida.. Isto significa que os adultos
aprendentes devem poder debater, decidir e organizar projectos.
• Projectos geridos por associações ou organizações de
adultos especialmente se aquelas entidades tiverem um número elevado alunos nos níveis básicos de competências ou de alfabetização.
4) Formadores com formação específica em educação de adultos
Queremos uma educação que se baseie no diálogo, em
resultados e num boa ambiente de trabalho nos grupos de formação ou
alfabetização Os formadores devem ter uma formação adequada e dominar as
metodologias e os conhecimentos específicos da área. Esta formação de
formadores deve incorporar experiências relevantes no plano internacional como
é o caso da que remete para Paulo Freire.
5) Decidir nós mesmos o quê, como e porque aprendemos. Nós queremos ter uma palavra a dizer na concepção das políticas e dos programas de educação
Queremos ser ouvido(a)s quando propomos questões práticas
relacionadas com os aprendentes em alfabetização. E assim, por essa via:
• Seremos mais independentes;
• Conseguiremos melhores empregos e
• Iremos ter mais confiança em nós próprios.
Propostas específicas
encontram-se em anexo ao presente Manifesto.
6) Um maior envolvimento dos políticos em torno do Manifesto, estabelecendo com eles processos de convergência na base de compromissos concretos
Queremos um comprometimento mais específico dos actores
políticos em relação ao nosso manifesto. Pretendemos que acções concretas sejam
realizadas para garantir que as políticas comunitárias promovam programas de
alfabetização de acordo com as nossas reivindicações.
7) Propagar a mensagem a nível mundial e fomentar o contacto entre adultos aprendentes em acções de alfabetização de outros países
O nosso objectivo é que os adultos com necessidades de
alfabetização na Europa e no mundo possam aprender a ler e escrever. Pedimos
ajuda para espalhar este Manifesto nas redes de contacto e para incentivar os
adultos aprendentes a
contactarem-nos, para que, desta forma, sejamos mais fortes e mais unidos.
Última versão adoptado em Lisboa em 06 de Dezembro de 2011
Todas estas reivindicações estão associadas ao objectivo de participação activa na construção de sociedade mais justa e solidária na qual todos os cidadãos tenham o seu lugar assegurado e na qual o analfabetismo deixou de existir.
ANEXOS
O QUE QUEREMOS APRENDER?
- a ler para poder
escrever cartas oficiais, preencher formulários e redigir e-mails
- aprender a ler, escrever, expressar-nos e fazer-nos
compreender
- usar as TIC
(Informação e Comunicação)
- ler para nos sentirmos mais seguros
- ler e escrever para participar em actividades de formação
e de aprendizagem
- ler para conhecer os nossos direitos e para fazer ouvir a
nossa voz
- ler para podermos viajar e deslocarmo-nos nos territórios
- ler para poder trabalhar
- para
desenvolver novas competências e
aprender com os outros
- para aprender línguas estrangeiras
- para tirar r a carteira de condução
- para calcular e perceber o valor do dinheiro
- para não ter vergonha nem do nosso passado nem do nosso
presente
- para saber como funciona a sociedade:
ou administração, bancos, serviços sociais, correios,
contratos de trabalho, sindicatos, escolas profissionais e centros de formação
de emprego ...
ou de saúde: hospitais, médicos, clínicas e lares
o Educação: o funcionamento do sistema de ensino e de
orientação profissional
o Governo: como funciona (as regiões, o Parlamento),
subvenções, quem toma as decisões? Por quê? Onde?
ou política, partidos políticos, sabe em quem votar
ou regimes políticos existentes, regimes democráticos, as
ditaduras, em que países existem? Porquê?
PORQUE QUEREMOS APRENDER?
- Para melhorar a nossa qualidade de vida
- Para fazer ouvir a nossa voz
- Para ter mais confiança em nós próprios
- Para nos ajudarmos uns aos outros
- Para conhecer os nossos direitos
- Para obter qualificações e sentir estar em pé de igualdade
com os outros
- Para se sentir incluído na sociedade
- Para encontrar maneiras de lidar com a dislexia
- Para ter contacto com outras pessoas
- Para parar de sobreviver e começar a viver
- Para deixar de ser prisioneiros de nosso presente e ser
capaz de pensar livremente no futuro
- para ser reconhecido(a) e ter visibilidade na sociedade
- Para ajudar nossas crianças ao longo do ensino primário (6
a 12 anos)
- Para poder assumir responsabilidades, não só nas nossas
vidas privadas, mas também nas tomadas de decisão de âmbito mais colectivo.
COMO QUEREMOS APRENDER?
- em grupo
- perto de casa
- no local de trabalho
- em interacção (face a face)
- com uma formação mista, alternando a formação em casa
com formação presencial
- Durante o dia
- Fins de semana
- com a possibilidade de ter alguém que guarde as nossas
crianças
- a distância por e-learning
- através de tecnologias
- com acesso gratuito à formação ou com mecanismos
financeiros previstos para pessoas com dificuldades sociais
- horários de formação durante o dia ou em fim de tarde
- mais lugares destinados á formação nos quais seja possível
aprender
- uma formação que nos dê vontade de aprender e nos motive
- com boas ferramentas e materiais pedagógicos adaptados
para participantes em acções de alfabetização e educação de adultos
- saber o que já concluímos e o ponto de situação em que nos
encontramos
- avaliação momentos para nos interrogarmos sobre os
progressos realizados no nosso
processo de aprendizagem
- pessoas que guardem as nossas crianças(enquanto estamos na
sala de aula)
- recursos externos: Bibliotecas
- espaços bem iluminados e com tamanho suficiente para
trabalhar em pequenos grupos
- ter a certeza que ninguém fica para trás
COMO QUEREMOS QUE OS ACTORES POLÍTICOS E AS EMPRESAS SE ENVOLVAM NA EDUCAÇÃO DE ADULTOS?
- um Ministério para a educação de adultos
- as grandes empresas com elevado poder económico e
financeiro devem envolver-se no financiamento da alfabetização
- um envolvimento das estruturas europeias para que a
alfabetização passe a ser uma prioridade
- mais direitos iguais e menos determinismo
- políticas mais rigorosas e voluntaristas por parte dos
eleitos
- que os actores políticos mostrem que tratam efectivamente
das coisas e que a alfabetização passa a ser uma prioridade para cada um deles
- que os eleitos
não se limitem a participar em seminários e conferências, mas que vejam
a realidade com os seus próprios olhos
- temos de encontrar uma maneira de obter a sua atenção
(convidando-os para almoçar e ensinando-lhes bons exemplos do que funciona bem
em outros países)
- mais cooperação entre os países
1) Ter uma voz na Europa
2) O aumento do
investimento na educação de adultos, especialmente no desenvolvimento de
competências de leitura, de escrita, de cálculo e ainda de informática.
3) Participar directamente
na gestão dos projectos e dos centros de formação para adultos
4) Formadores com formação
específica em educação de adultos
5) Decidir nós mesmos o
quê, como e porque aprendemos. Nós queremos ter uma palavra a dizer na
concepção das políticas e dos programas de educação
6) Um maior envolvimento
dos políticos em torno do Manifesto, estabelecendo com eles processos de
convergência na base de
compromissos concretos
7) Propagar a mensagem a
nível mundial e fomentar o
contacto entre adultos aprendentes em acções de alfabetização de outros países