Carlos Ribeiro para INFONET www.infonet-ae.eu
Jornalismo Cidadão – Membro do Editorial Board
INFONET
A UNESCO
promoveu uma consulta pública sobre a revisão da Recomendação datada de 1976
relativa ao Desenvolvimento da
Educação de Adultos. Da reflexão
colectiva surgiu como ideia – força a necessidade de ir mais longe que a
simples actualização e reformulação do documento aprovado na Conferência Geral
de Nairobi. A necessidade de uma nova Convenção foi inscrita na Agenda por via
deste processo amplamente participado.
Foi o grupo de
peritos reunido em Hamburgo em Julho passado para elaborar e consolidar
a Síntese dos principais resultados e
propostas que lançou um
processo aberto de consulta e debate assente numa dupla abordagem: a
valorização da Recomendação de 1976 como um documento estruturante e relevante
e a necessidade de ser assumida uma versão reformulada devidamente adaptada à
evolução dos últimos 36 anos.
Nesses termos, a consulta pública foi lançada com
uma dinâmica de Fórum e com um claro intento de suscitar uma reflexão colectiva sobre as questões essenciais
da Educação de Adultos a nível global.
O UIL – Instituto Unesco para a Aprendizagem ao Longo da Vida convidou
representantes dos governos, membros da sociedade civil, instituições de
investigação e redes regionais, nacionais e internacionais para uma
participação activa num processo cuja principal finalidade consistiu na
avaliação de impacto e na própria actualização da visionária Recomendação de 1976.
O grupo de discussão funcionou online entre 24 de Setembro e 5 de Outubro 2012
e envolveu 374 pessoas tendo
colhido 54 contributos escritos.
No campo das propostas para a evolução da
Recomendação de 1976 foram adiantadas ideias e orientações de carácter global,
da qual se destaca a perspectiva de ser promovida uma Convenção que venha a
substituir o documento de Nairobi, mas foram ainda apontadas soluções e iniciativas
muito específicas abarcando praticamente todos os campos da Educação de
Adultos.
A própria denominação de Aprendizagem e Educação de
Adultos foi objecto de propostas no sentido de serem incluídos os jovens e os
próprios seniores nesta formulação genérica que tem impacto na definição das
politicas públicas nos diversos países do globo. Nesta matéria, que não deixa
de ser polémica, surge à evidência a tensão entre a necessária prudência no uso e nas modificações de
terminologia e o impulso renovador que o debate revelou nomeadamente em matéria
de adaptação aos novos contextos socioculturais.
A avaliação e o acompanhamento sistemático da
implementação deste tipo de documentos estratégicos foram também temas muito
presentes nas propostas para futuro, dando importância a uma monitorização
dinâmica que influencie os resultados esperados.
Também as tecnologias de informação e comunicação
foram objecto de uma forte recomendação no sentido de uma utilização
generalizada nos programas educativos.
Deste amplo debate foram sinalizados para melhoria
do actual documento aspectos muito concretos que vão desde as questões de
linguagem à clarificação de conceitos e denominações (veja- se o caso das
pessoas com deficiência) até à introdução de novas abordagens como são os
sistemas de reconhecimento, validação e certificação de competências
desenvolvidas em contextos não-formais e informais.
No final desta etapa de debate público o UIL
angariou matéria prima muito substantiva para aprofundar a Síntese dos principais resultados e propostas e certamente ficará
em condições para fazer propostas, como a da nova Convenção, que dará uma
resposta às expectativas e até às exigências dos diversos protagonistas da
educação e formação de adultos que pretendem influenciar os sistemas de
governance a nível local, regional, nacional mas também internacional.