Na gestão dos
recursos humanos das organizações existem actuações extremas. Ou dominam a
rotina e os procedimentos instituídos ou surgem modas em torno da
hipermotivação que conduzem a iniciativas efémeras encobertas por buzz words
inimagináveis. Às vezes o que é importante é dar a palavra aos membros da
organização e envolvê-los em torno dos problemas concretos que melhorem a vida
interna para todos e enriqueçam o projecto e o clima organizacional.
Carlos
Ribeiro | Contributo para Newsletter RSOpt
Foi nesta base
muito prática e realista que foi aplicado pela Caixa de Mitos em diversos tipos
de organizações o modelo do Malmequer da Participação (MP), com destaque para
as organizações da Administração Local e da economia social.
Trata-se de um período
específico de curta de duração durante o qual todos os membros da organização são
envolvidos numa acção de melhorias contínuas.
A metodologia
assenta em alguns princípios fundamentais que asseguram coerência e consistência
da acção a desenvolver:
- Igualdade de direitos e deveres, durante todo o processo, de todos os membros da organização independentemente da estrutura hierárquica existente;
- Regularidade na realização do programa que deve ter uma reedição fixa anual;
- Rigor na execução e operacionalização do programa cumprindo o prazo máximo de dois meses de duração;
- Diversidade e rotatividade anual dos membros do Grupo Dinamizador que deve integrar funções e áreas de actuação na organização diferenciadas;
- Publicitação de todo o processo desde a fase do seu lançamento até ao final, através da afixação obrigatória, em local visível do Malmequer da Participação;
- Sessão plenária com poderes deliberativos, sabendo-se que as medidas a serem implementadas dependerão exclusivamente da auto-organização dos membros da organização para a sua concretização (sem meios adicionais a condicionar a sua concretização). (ler mais clicar em Mais Informações)
Todo o processo
tem por base a pesquisa, o debate, o envolvimento, a construção de soluções em
torno das interrogações – chave cuja finalidade é facilitar e operacionalizar
um diagnóstico sumário, muito fino e focalizado na situação muito concreta da
organização:
AS 6 INTERROGAÇÕES
DO MALMEQUER DA PARTICIPAÇÃO
1. Pode haver uma melhor interacção entre
dirigentes e colaboradores?
2. Podem ser melhoradas as formas de comunicação
formal e informal?
3. Pode ser fomentado o trabalho em equipa de
forma mais concreta?
4. Podem ser estabelecidas novas dinâmicas de
co – responsabilização nas acções de melhorias contínuas?
5. Pode ser instituído um quadro de auscultação
sistemático e permanente das necessidades, desejos e motivações dos utentes a
partir de acções desenvolvidas por todos os membros da organização?
6. Pode ser impulsionado um maior espírito de
abertura interna e externa, fomentando o espírito de iniciativa e os contactos
coma as Redes de Proximidade?
Na primeira sessão
de trabalho que reúne os seis dinamizadores temáticos são debatidos os temas críticos
e estabelece-se a base de auscultação aos restantes membros da organização.
Não existem
modalidades pré-estabelecidas para realizar esta abordagem com trabalhadores e
directores. Cada um realiza a operação da forma que entende e determina como
mais ajustada aos seus objectivos e ao seu próprio estilo de intervenção.
Alguns estruturarão pequenos questionários, outros terão apenas uma conversa
informal, muitos utilizarão o período de pausa – café para conversar
informalmente, alguns utilizarão o correio electrónico e as próprias redes
sociais, ou seja, a diversidade nas formas de envolver todos os membros da
organização também confere uma certa espontaneidade e vivacidade ao processo. A
auscultação sobre os problemas é desde logo orientada para a identificação de
potenciais soluções e desta forma bloqueiam-se tendências criticistas e
negativas e procura-se incentivar o espírito critico mas numa perspectiva
construtiva.
Quando se realiza
a sessão plenária com todos os colaboradores e membros da direcção (que possam
estar presentes) já existem pelo menos, para cada Interrogação – Chave do
malmequer, duas questões criticas e as duas potenciais soluções
correspondentes. Desta forma a sessão plenária, que tem o tempo limite de uma
hora para a sua realização, trata de forma muito concreta e operacional os
temas sobre os quais o debate deve incidir e em torno dos quais devem ser
aprovadas soluções a serem implementadas. Evita-se um debate geral sobre todas
as questões problemáticas que de uma forma geral surgem nas organizações e
procura-se através da eficácia dos próprios processos, reforçar a capacidade
colectiva de tomar decisões e resolver problemas, fortalecendo a democracia
participativa por essa via.
Na sessão plenária
cada Dinamizador Temático apresenta os resultados da auscultação realizada
junto da organização e coloca à consideração do colectivo as duas propostas a
serem debatidas.
Depois da sessão
plenária cada Dupla (dinamizador temático e o/a sua cúmplice) organiza a
implementação da medida identificada como prioritária (Ficha de Medida Prioritária)
e inicia a sua concretização imediata, com o acompanhamento dos
restantes membros do Grupo Dinamizador (seis dinamizadores temáticos).
Carlos Ribeiro valentimribeiro@gmail.com